23 fevereiro, 2006

Felicidade

Há dias ofereci um cão à minha mulher... mas bem vejo que não era um cão que ela queria... deve estar a ponderar se fica com o cão ou prefere antes ter um filho. Ou seja está a ponderar entre dar cabo da carpete nova da sala ou dar cabo da minha vida.

Imaginemos que eu era um idiota. Ou melhor... imaginemos que eu era o procurador da república, convidava-a para um jantar romântico, daqueles à antiga, depois levava-a para casa e... bem, não conto o resto por pudor que nunca se sabe quem anda a ler estes blogs.

E depois?

Depois ela ficava feliz, eu ficava feliz, os avós ficavam felizes, as amigas ficavam felizes, os amigos ficavam felizes, o ginecologista ficava feliz, a parteira ficava feliz, as enfermeiras ficavam felizes, os fabricantes de fraldas ficavam felizes, era um sem fim de felicidade...

O alzheimer é como a procuradoria geral da república... afecta progressivamente as capacidades intelectuais.

22 fevereiro, 2006

Uma manhã como as outras

Algumas pessoas acordam de manhã, vêm as coisas como são e perguntam: porquê? Outras há que acordam de manhã, imaginam coisas que ainda não existem e perguntam: porque não?

Eu acordo de manhã... e tenho de ir trabalhar.

Pego no carro e meto-me na 2ª circular.... os condutores que andam mais devagar que nós são um perigo, os que andam mais depressa que nós são uma ameaça à segurança. É engraçado como a velocidade ideal para o trânsito fluir é sempre a velocidade a que nos deslocamos...

Um camião circula à minha frente, vai a 80 km/h... tem um guarda lamas de borracha onde está escrito: Good, Better, Broshius. E depois por baixo: Holland. huuuumm... agora percebo porque é que toda a gente que vai à Holanda vem de lá a dizer maravilhas daquilo.

Mas estou triste... este fim de semana tive que acabar com a minha namorada... Mantínhamos este relacionamento vai para dois anos mas não tive outra alternativa... ela queria casar e eu já sou casado.

É por essas e por outras que quando acordo de manhã pergunto: ainda falta muito para o fim de semana?

17 fevereiro, 2006

Penas de um casamento II - a revolta

Já percebi que ter um filho é mau, mas e se forem vários? Nesse caso é preciso gerir os interesses de vários terroritas em simultâneo, é o mesmo que meter o Bin Laden, o Bush e o Napoleão dentro do mesmo armário.

Há dois tipos de irmãos: os inseparáveis, aqueles que fazem tudo juntos e são os melhores amigos do mundo, e depois há os outros: os que se pegam por tudo e por nada e depois vêm a chorar dizer que não são felizes, que a vida é um injustiça. Alguém tem que explicar aos putos que os pais não querem saber de justiça... estão preocupados com valores muito mais altos: a paz, o sossego... e saber quando é que volta a dar o anúncio da pluma.

No meu tempo, que éramos educados com o método do bico do sapato (muito eficaz, um dia explico) não havia este tipo de problemas, se um dos meus irmãos começava a chorar, o meu pai aparecia e levávamos todos com a mesma justiça...

Esta noite tive um sonho... sonhei que a minha mulher tinha tido um bébé... um lindo bébé com 10 dedos nas mãos e 10 dedos nos pés... só que o médico era estagiário, esqueceu-se de cortar o cordão umbilical e a minha mulher andava com o petiz na rua como se fosse um cão pela trela.

15 fevereiro, 2006

Nova testemunha identifica Carlos Cruz

Eis que surgem, no processo casa pia, importantes desenvolvimentos com o depoimento de uma nova testemunha.

Juiz: A testemunha pode entrar. Queira dizer ao tribunal o seu nome.
Testemunha: Bota Botilde.

J: Qual é a sua profissão?
T: Mascote de programa televisivo.

J: Reconhece algum dos arguidos?
T: Sim, aquele senhor ali de óculos.

J: Que fique em acta que a testemunha apontou para o Sr. Carlos Cruz. Qual era o grau de proximidade que mantinha com o arguido?
T: Fora do trabalho mal o conhecia, jantámos 1 ou 2 vezes juntos...

J: Alguma vez ele lhe fez avanços de caracter sexual?
T: Não. Quer dizer uma vez apertou-me o atacador, mas não posso dizer que não tenha gostado.

J: Mais nada?
T: Mais nada, eu bem o convidava mas ele estava sempre ocupado a viajar.

J: Alguma vez participou nessas viagens?
T: Sim, uma vez fomos ao Alentejo.

J: O que é que fizeram?
T: Andámos a cavalo, tomámos banho na piscina e depois houve um jantar.

J: Quem mais estava no jantar?
T: Estava lá o Zé-Sempre-em-Pé e a vaca Cornélia.

J: A vaca Cornélia?
T: Sim, a vaca Cornélia.

J: A mãe ou a filha?
T: A filha, a mãe já não alinhava nessas touradas.

J: E que é que aconteceu nesse jantar?
T: A vaca Cornélia comia dos dois lados do prato: era anfíbia.

J: E depois? O que é que aconteceu depois?
T: Depois, o Zé-Sempre-em-Pé e o Sr. Carlos Cruz estavam a atirar-se à Cornélia.

J: Quando diz que se estavam a atirar, quer dizer que faziam propostas de cariz sexual?
T: Não, não, atiravam-se mesmo contra ela.

J: E a dona Botilde?
T: Eu nada, fiquei a chuchar na sola. Fui-me embora, a última coisa que eu ouvi foi a Cornélia a dizer "calma, há lugar para os dois"... percebi logo que não valia a pena deixar a porta do quarto aberta.

J: Tem a certeza que não participou nos acontecimentos que se seguiram?
T: Sabe, metade das mentiras que dizem a meu respeito não são verdadeiras.

J: Qual era a sua relação com a dona Cornélia e o sr. Sempre-em-Pé?
T: Conhecia-os da televisão, mais nada.

J: E que é que aconteceu a seguir?
T: A seguir não sei, eu estava a dormir... só soube uns meses depois...

J: Soube o quê?
T: Soube que o Zé-Sempre-em-Pé foi morar com o sr. Carlos Cruz. Fiquei destroçada.

14 fevereiro, 2006

Os desejos do faraó

A minha mulher anda com desejos, não sei o que se passa, anda com desejos. Há umas semanas atrás, veio com a ideia de querer experimentar fazer sexo louco no banco de trás do carro... mas comigo a conduzir. Não percebi, nem sei se devo ficar preocupado...

Na semana passada queria uma prenda, não fazia anos, não se comemorava nada de especial mas queria uma prenda. Eu perguntei-lhe o que queria que eu lhe oferecesse, respondeu-me "tanto faz". É daquelas situações onde um homem fica entalado, se oferece uma bujiganga sem importância é porque não valoriza a relação, se oferece uma coisa utilitária ainda é pior "para que é que eu quero uma torradeira? pensas que sou tua empregada?"... não querida, não é uma torradeira, é um brinquedo para tu usares na banheira.

Propus-lhe que escolhesse o que quisesse na loja que eu pagava. "Mas assim não é uma prenda tua", atacou ela, "tens que ser tu a escolher a prenda!"... pois, com esta é que eu fico bem arranjado. E depois lá vai dizendo que passou na loja tal e que gostou muito da écharpe que estava na montra. Queres ir a essa loja comprar a écharpe? "Não, pra que é que eu quero uma écharpe?"... Ainda estive tentado em comprar-lhe 3 metros de corda...

Acabei por lhe comprar um cão, um cocker spaniel lindo com pedigree e tudo... vamos baptizá-lo Faraó porque a primeira coisa que fez ao chegar a casa foi 3 pirâmides... e o Nilo... Só faltava aparecer a múmia. Tocou o telefone: era a minha sogra.

13 fevereiro, 2006

Penas de um casamento

A primeira imagem que me vem à cabeça quando penso no meu casamento são os meus sogros com um brilho triste no olhar. Deviam estar a pensar o mesmo que um homem que empresta o mercedes topo de gama a um cego.

No início é só sorrisos e parabéns mas, passado uns tempos, começa a pressão alta dos familiares e amigos... e então? Já arranjaste herdeiro? Olha que já está na altura... Sim, já está na altura, mas para que é que eu quero uma coisa dessas em casa? Acham que a minha vida não é suficientemente complicada assim?

Primeiro vem a parte fácil, vá lá, agradável, mas depois nascem e passamos os 2 primeiros anos a ensinar-lhes a andar e a falar... e os 4 anos seguintes a dizer-lhes para estarem quietos e calados.

Depois vão para a escola, as crianças são tão exigentes... já me estou a ver, sentado no sofá, a tentar acabar o expresso de há 2 semanas e lá vem o terrorista com uma lista interminável de reinvindicações começada por "quero o último action man" (ou barbie, dependendo da religião do terrorista) e terminada por "e preciso de um dicionário para ir para a escola". Pra que é que queres isso? Vai para a escola a pé.

As coisas que eu me digo

Li no outro dia que portugal tem o pior nível de poluição atmosférica da União Europeia. O problema é tão grave que, se não fossem os nossos pulmões, já nem havia espaço para armazenar tanto ar poluído.

Confesso que por vezes dou comigo a falar sozinho e a pensar que a poluição não é assim tão má quanto isso... veja-se o caso de Trás-os-Montes: é um oásis sem poluição... mas ninguém quer lá ficar.

Falar sozinho é um hobby que cultivo desde pequenino. Na verdade, não penso nisto como "falar sozinho"... prefiro antes pensar que falo comigo. Desconfio que as outras pessoas não acham normal, geralmente apontam para mim na rua e dão pequenas cotoveladas na vizinha enquanto falam baixinho... não sei o que dizem mas no final vem sempre uma gargalhada abafada. Por isso decidi sair do armário e assumir publicamente: EU FALO COMIGO. Assim tenho a certeza que alguém me está a ouvir... e que valoriza as minhas opiniões.

Se formos bem a ver, falar sozinho é como escrever uma autobiografia... a diferença é que nas autobiografias só aparecem coisas boas, o biografado nunca roubou, nunca meteu uma cunha, nunca aceitou um subornozito, nunca violou um rapazinho de 11 anos... nada! Nunca aparece nada de mau nas autobiografias... a única coisa má nas autobiografias é talvez a memória do autor.

E agora tenho de correr que já estou atrasado. O que me vale é que os Portugueses chegam sempre atrasados, já ninguém dá conta... de qualquer forma para que é que serve chegar a horas se não está lá ninguém para ver?

Os Portugueses chegam atrasados porque trabalham! Porque estão 24 horas por dia a produzir! Ali a dar no duro. Nas fábricas, a produzir riqueza... como se pode verificar pelos índices de poluição atmosférica.

10 fevereiro, 2006

Estatística

Recentemente, tive oportunidade de ver um documentário que dizia que 1% da população, independentemente da sua origem sócio-económica, se torna criminoso...

Isto quer dizer que em cada 100 talhos há um que vende carne estragada, em cada 100 cozinheiros há um que cospe nos pratos de sopa, em cada 100 padres um é pedófilo... a única excepção são os advogados, que esses são todos sérios.

Portanto, no universo de trezentos e tal presidentes de camara deveríamos ter cerca de 3 corruptos... huuummm... é melhor não ir por aqui...

De qualquer maneira, 83% das estatísticas são inventadas.

Chá de janela

- Ó mãe, mãe... posso ter um blogue?
- não podes meu filho que és careca...
E a avó, com o desgosto, não comeu os ovos.

09 fevereiro, 2006

O meu primo

O meu primo é assim um tipo vistoso, grande e volumoso... o meu primo tem tanto pneu, mas tanto pneu, que quando se levanta desaparecem-lhe os joelhos. Pois é, tenho mesmo de vos falar do meu primo... mas isso fica para outro dia.

Hoje cheguei atrasado ao trabalho... aliás, já é recorrente. Sou mais um daqueles que perdem a mocidade na 2ª circular. A 2ª circular é um cenário de acidente, caem umas pinguitas de chuva... acidente. Cada vez que faz sol e se pode acelerar um bocadinho mais... acidente. Faça chuva faça sol... há coisas que nunca mudam e cada acidente implica que centenas de pessoas cheguem atrasados ao trabalho (não que isso vá fazer grande diferença na nossa fantástica produtividade mas... era uma ajudita).

Mas na 2ª circular não há só acidentes, há também os condutores, aqueles que ultrapassam pela esquerda e pela direita, aqueles que vão a 60 Km/h na faixa da esquerda, aqueles que ultrapassam toda a gente pela faixa de segurança. Depois ainda há aqueles tipos que só têm um dedo na mão e que o mostram por tudo e por nada. Mas os meus preferidos são os que, enquanto conduzem com a mão direita, levam a mão esquerda de fora do carro a controlar o trânsito... Aquele gesto quer dizer "pára aí que eu quero passar. Não vês o sinal que eu estou a fazer com a mão? Consigo perfeitamente andar mais 50 metros na minha faixa mas o que eu quero mesmo é passar à tua frente. Obrigado."

O meu primo também é assim, gordo, é tão gordo que na semana passada, no hipermercado, uma velhinha atropelou-o com o carrinho de compras, grande confusão, detergentes espalhados pelo chão, patinadoras a tropeçar nas latas de conserva... ainda não encontraram o carrinho... nem a velhinha.