20 abril, 2006

Tá lá?

Hoje decidi pegar no telefone e fazer uma chamadita para o sr. Berlusconi, que tem andado em baixo, coitadito.
- Tá lá?
- Sim.
- Bom dia, então? Como tem passado?
- Mal, estes tipos dizem que eu perdi as eleições... mas é mentira! Eles fizeram batota.
- Pois, sabe que nem sempre são os melhores a ganhar.
- Mas isto não acaba assim, eu estou a pensar em... E calou-se de repente, como se tivesse medo de dar alguma informação importante.
- Perdoe-me o exagero, mas... está a pensar em quê?
- Não posso falar ao telefone, tenho medo de estar sob escuta, mas eles vão ver...
- Pois eu compreendo-o perfeitamente. Mas na sua análise, o que é que originou esta derrota?
- Derrota?!? Foi batota! Esses... comunistas! Eu não percebo como é que eles conseguiram...
- Se calhar porque tiveram mais votos? Arrisquei eu a medo.

Neste momento o Berlusconi engasgou-se, começou a dizer umas palavras em Italiano que eu me vou abster de reproduzir por pudor e respeito para as senhoras que nos lêem. Decidi mudar de assunto.
- Vá lá também não é o fim do mundo, não lhe falta que fazer, é uma pessoa inteligente...
- Sim lá isso é verdade, a inteligência é hereditária na minha família... eu por exemplo, na escola primária era tão inteligente que a professora esteve na minha aula durante 5 anos. Aqui devo advertir o leitor (e a leitora) que, em Itália, a escola primária são 5 anos.
- Pois claro, e que tal se se dedicasse agora à escrita hã? Sempre podia partilhar as suas experiências...
- Já comecei, disse ele decidido, ando a escrever a minha autobiografia não oficial, neste momento já consegui inserir os números de página...
- Pois claro, assim é que é... Atalhei eu para o motivar, caramba que o homem está mesmo em baixo, coitadito!